Cicloviagem
Caminho dos Diamantes
Estrada Real, Minas Gerais, Brasil.
21 de dezembro 2018 a 04 de janeiro de 2019
Já estava chegando o fim de 2018 e ainda não
tínhamos um destino certo para a nossa Cicloviagem, foi quando uma palestra sobre
a Serra do Espinhaço, ministrada por Fabiano Zig, www.zigtrip.com.br ,despertou nosso interesse
pelo Caminho dos Diamantes na Estrada Real.
Resolvemos fazer este Caminho, que transcorre
entre Diamantina e Ouro Preto em Minas Gerais.
Iniciamos os preparativos para definir como
seria nossa Cicloviagem consultando em especial o site Instituto Estrada Real e o -GUIA ESTRADA REAL Caminho
dos Diamantes de Antonio Olinto e
Rafaela Asprino, ⏩SITE, que nos possibilitou
realizar com bastante precisão o planejamento.
Após avaliamos as distancias entre as cidades e
suas respectivas altimetrias definimos o roteiro tendo como premissa básica o
valor acumulado de subidas por dia e não a distância, valor este que ficou em
torno de 1000 (mil) metros. As distâncias
ficaram entre 35 e 45 km por dia, mostrando que a prudência no planejamento
considerando a altimetria foi fundamental para se definir quantos dias
precisaríamos para realizar a Cicloviagem.
Diferentemente das outras cicloviagens optamos por não levar equipamentos de camping, amenizando o peso e fazendo reservas nas
pousadas e hotéis considerando que devido a ocorrência das datas comemorativas
de Natal e Ano Novo as acomodações poderiam não estar disponíveis.
Outra peculiaridade, desta vez nosso
deslocamento até o ponto de partida, Diamantina, seria de ônibus.
Tínhamos a opção de ir diretamente de São Paulo
a Diamantina, pela viação GONTIJO, seriam 14hs de viagem, porém resolvemos
fazer em duas etapas, primeiro até Belo Horizonte e depois seguir para
Diamantina. Particularmente acho que não foi uma boa opção, pois o ônibus para
BH atrasou muito tanto na saída e como na chegada, e acabamos perdendo
praticamente dois dias para o deslocamento, além de um gasto adicional com a
pernoite em BH.
Até aqui ainda estamos no planejamento, então
vamos começar mais uma história, lembrando que além de nós, estavam as amigas que
sempre nos acompanham, Kathy e Sue Ellen, e no dia 29 a noite chegaram a Dora o
e Bruno para compor o grupo.
Dia 21 de dezembro (
São Paulo – Belo Horizonte )
As 11:00 horas embarcamos no Terminal Tiete,
viação cometa, com as bikes apenas sem as rodas da frente e embaladas em um
saco de TNT, tivemos um pequeno contratempo com o motorista que insinuou que
estávamos com excesso de bagagem. Resolvemos com bons argumentos sobre nossa
condição de cicloviajantes e que o peso de nossa bagagem era bem inferior aos
30 quilos permitidos. Partimos com
destino a BH, uma viagem tranquila até chegarmos no centro urbano de BH onde
ficamos mais de duas horas quase parados no transito até podermos desembarcar. Já era noite e chovia,
montamos as Bikes e saímos em direção ao Hostel Trem de Minas que ficava a uns dois
quilômetros da rodoviária.
Dia 22 de dezembro (
Belo Horizonte – Diamantina )
Saímos as 7:00 hs, paramos em uma padaria e
tomamos nosso café da manhã. Na rodoviária estava a Sue Ellen que havia acabado
de chegar de São Paulo. Nosso ônibus, viação Pássaro Verde deveria partir as
9:00 horas, mas atrasou saindo as 10:15 horas. Com apenas uma parada para
lanche, chegamos por volta das 16:00 horas em Diamantina. Gentilmente o
motorista nos deixou antes da Rodoviária, em um local já bem próximo do Hostel
Diamantina.
Atravessamos a avenida e tivemos o contato com
a primeira rua de pedras, sem condições de pedalar pois além de muito íngreme
estava escorregadia, garoava naquele momento. Conduzimos
as bicicletas na mão por uns duzentos metros ladeira abaixo, e logo a esquerda
já avistamos o hostel, onde rapidamente nos instalamos para após um bom banho
saímos fazer uma caminhada pela cidade. Tivemos o nosso primeiro e glamoroso
contato com a terrinha mineira, do bom queijo , boa comida e boa prosa.
Dia 23 de dezembro (
Diamantina – São Gonçalo Rio das Pedras { 34km , 871s , 1026d})
Café da manhã no Hostel, simples mas o
suficiente para garantir a energia matutina, seguimos atravessando a cidade por
uma avenida centenária, toda em pedra,
até chegarmos no marco zero da estrada Real que fica em frente a pousada do Garimpo , creio que a melhor
pousada da cidade.
Logo alcançamos a estrada pavimentada com
bastante segurança devido a ciclovia existente em boa parte do caminho contudo
tivemos um início de viagem cheio de furos além de um pneu rasgado o que
demandou um tempo extra em nosso percurso. Foram uns 29 km até chegarmos em
Vau, um lugarejo onde encontramos o bar do Zé Braga e ficamos um bom tempo
conversando e nos refrescando à sombra. Faltavam pouco mais que 6 km e saímos
mesmo sob o sol intenso, afinal eram poucos quilômetros. Mal sabíamos que íamos enfrentar uma subida de
3 km em estrada de

terra e sem sombra alguma, foi difícil de vencer. Depois de mais
de uma hora chegamos no Bar do Ademil, já em São Gonçalo. Ali tomamos umas
cervejas e fizemos um lanchinho. O Ademil é uma figura emblemática, contador de
histórias e membro cativo dos grupos de aventureiros que passam por este
caminho. Ficamos na Pousada Fundo de Quintal
da Aparecida, esposa do Ademil, e lá pudemos ver o livro de viajantes no qual
identificamos alguns conhecidos nossos que estiveram por lá.
Após um merecido banho, saímos a pé pela
cidadezinha, fomos até a Cachoeira do Comércio que fica bem próximo ao
centrinho. Um passeio descontraído só para relaxar enquanto aguardávamos o
jantar que seria servido na própria pousada.
Dia 24 de dezembro (
São Gonçalo Rio das Pedras – Serro {
34,2km , 827s , 1102d})
Partimos cedo, afim de evitar muita exposição
ao sol, e após 7 km chegamos na pitoresca vila de Milho Verde, lá procuramos
uma bicicletaria pois já havíamos
esgotado nossos estoques de câmeras de ar novas, foram cinco furos dos quais
dois inutilizaram definitivamente as câmeras devido um problema no aro da bike
da Regina. A bicicletaria estava fechada, então restou corrigir o defeito que
estava causando os furos, e torcer para que dessem uma trégua até a próxima
cidade.
Milho
Verde contempla o Monumento Natural Estadual Várzea do Lajeado e Serra do Raio,
nesta área pudemos conhecer o Lajeado e a Cachoeira do Carijó que fica nas
imediações da cidade .
Depois sob um forte sol percorremos 11 km até chegamos
em Três Barras onde paramos em um barzinho que além da cervejinha aproveitamos
para petiscar uma porção de peixe para distrair o estomago. Abastecidos seguimos
até a cachoeira do Poção, que fica bem próximo e onde ficamos um bom tempo
curtindo a paisagem, descansando e nos refrescando nas águas correntes da cachoeira.
Armou um temporal de repente, então deixamos a
cachoeira e seguimos viagem em baixo de uma agradável chuva. Chegamos em Serro
a tempo de visitar o centro e ainda subir as escadarias da igreja Santa Rita de
Cássia, depois tomamos um Chopp na praça. Na sequencia fomos experimentar o
açaí do Mister Shake, uma franquia instalada em um ótimo espaço que parecia até
cidade grande. Mais tarde retornamos na
praça para jantar em um pequeno e simples restaurante que surpreendeu com uma
gostosa comida mineira. Nossa noite de Natal passou em Branco, estávamos mais é
querendo descansar, então depois do jantar somente as meninas foram tomar mais
um açaí no Mister Shake e todos fomos dormir.
Dia 25 de dezembro (
Serro - Tapera { 42,2km , 1159s ,
1185d})
Hoje havia uma grande dúvida de qual caminho
seguir, acontece que há uma diferença entre o caminho oficial da Estrada Real e
o Caminho do Guia do Olinto. Pela versão oficial deveríamos seguir passando por
Alvorada de Minas, e já pelo Caminho do Olinto por Dep. Augusto Clementino (
Mato Grosso) . Considerando que pelo caminho do Olinto economizaríamos uns 8
(oito) quilometros optamos por este chegando em Itapanhoacanga depois de 26km para
depois mais 14 km até alcançar Tapera. Parte deste caminho que está
demarcado e sinalizado como Estrada Ecológica Serra do Cipó, sendo na verdade
uma outra opção aos cicloviajantes.
O trecho até Itapanhoacanga foi bem tranquilo,
mas depois foi bem difícil, inclusive a saída da cidadezinha nos contempla com
uma das mais íngremes subidas que fizemos no caminho.

Durante o trajeto além das intermináveis vistas
de montanhas, tivemos vários encontros com gado na estrada, mas em especial
com
um enorme Boi, daqueles que dá até medo, e valeu o registro de uma imagem que a
Regina capturou quando a Sue Ellen passava por ele.
Chegamos em Tapera e a chuva veio junto, bom
para dar um refresco. Ficamos na Pousada da Magali, Sapucaia Real. A cidade bem
pequena estava basicamente com os comércios fechados, e sequer haviam
restaurantes, foi quando a Magali ajeitou um jantar no Bar do senhor Desidério.
Tivemos uma ótima surpresa, primeiro que vieram nos buscar de carro e chagando
lá fomos conduzidos até uma ampla cozinha, com fogão a lenha e tudo. Uma mesa
posta com a típica comida mineira, em especial um frango com quiabo que não da
para esquecer. Além de tudo o que mais encantou foi o bom papo, juntaram-se
além da Magali, o sr Desidério a e esposa Marlete, e lá passamos um bom tempo
proseando.
Dia 26 de dezembro (Tapera
– Conceição do Mato Dentro { 35,2km ,
854s , 850d})
Amanheceu nublado, e saímos mais tarde um
pouco. Sem o sol tudo fica mais fácil, então após 11 km chegamos em Córregos,
com uma breve parada para descanso. Logo chegamos em Conceição e bem antes do
centro pegamos o acesso que nos levaria até a pousada e depois de uns 3 km subindo
chegamos num lugar encantador. A Pousada Ouro do Vintém do Sr Flávio e Bruna ,realmente
valeu a pena, além de ser muito agradável, espaçosa e com instalações bem
novas, faz divisa com uma cachoeira que termina com um poço de água cristalina
em que pudemos nos esbaldar com aquela maravilha. Depois do banho de cachoeira queríamos mais é
descansar, então para não termos que sair da Pousada acabamos jantando lasanha
preparada pelo Flavio, e fomos dormir.
Dia 27 de dezembro (Conceição
do Mato Dentro - Tabuleiro { Passeio de Carro})
Hoje a nossa programação seria ir e voltar
pedalando até a cachoeira do Tabuleiro. Seriam 40 km de ida e volta com uns 1200
mts de ascensão. Pensamos melhor e resolvemos alugar um carro e fazer um
passeio mais tranquilo. O Flávio ajeitou com o
sr Rubão o aluguel de um carro por R$ 150,00 a diária e pela manhã nos
trouxe um Fiat Uno pronto para nossa aventura. Logo na saída conhecemos o casal
Mario Celso e Silvana de São Jose dos Campos, que estavam hospedados e que
quiseram nos acompanhar. Partimos primeiramente para deixar o Rubão na cidade e
depois seguirmos para o Salão
de Pedras, ponto turístico de visitação próximo ao centro que contém uma
curiosa formação rochosa além de inscrições rupestres ( não vimos inscrições rupestres). Tivemos ai as primeiras
impressões do carrinho, pois subimos umas estradas de terra que exigiam muito
da tração e até um pouco de destreza na pilotagem.

Dai partimos para o Tabuleiro, foi quando
realmente concluímos que acertamos em não ir de Bike, pois a estrada de terra
tinha pedras, erosões e alagados de sobra, além das intermináveis subidas.
Chegamos no Parque Nacional do Intendente, onde
encontra se a Cachoeira do Tabuleiro. Para nossa surpresa não pudemos fazer a
caminhada até a base da cachoeira pois as chuvas constantes nos últimos dias
teriam deixado o caminho com certo grau de risco impedindo o acesso. Então nos
restou fazer uma simples caminhada de quase 1 km até o mirante de onde saboreamos
a distância aquele visual da maior cachoeira de Minas e terceira do Brasil, com
273 mts de queda livre, além da esplendida vista de um enorme paredão que faz
parte da Serra do Espinhaço. Retornamos para a cidade, sob ameaça de uma grande
chuva e que certamente se nos apanhasse

pelo caminho teríamos dificuldades para
transpor as grandes subidas de terra com aquele simples Fiat Uno que mesmo sem
a chuva teve que ser muito valente pois o piso já estava escorregadio. Ufá...chegamos
em piso firme e logo que estacionamos o
veículo próximo ao restaurante no centro da cidade , foi quando a tempestade
desabou fazendo-nos chegar completamente molhados para o almoço. Fomos para o restaurante,
tipo self service mas com aquele
requinte de diversidade em receitas mineiras que faz qualquer um comer , e
comer .....muito bom mesmo. Tivemos a
companhia do casal Mário e Silvana até o fim do dia quando já na pousada a noite partilhamos de uma pizza e vinho terminando o dia de forma bem proveitosa.
Dia 28 de dezembro (Conceição
do Mato Dentro - Morro do Pilar { 41,5 km , 1283s, 1326d})
Chovia pela manhã e acabamos retardando nossa
saída, mas mesmo assim logo depois da 8:00 horas partimos sabendo que seria um dia bem puxado
em relação a altimetria. Logo de início, 4 km com 300 mts de ascensão que só
não foram duros demais devido a chuvinha que nos refrescava, e que nos ajudou a
vencer aquele dia sem maiores problemas fazendo que antes do meio dia já
estivéssemos na entrada da cidade, e por sorte encontramos um ótimo
restaurante,
comer a vontade por R$ 13,90 incrível, muito bom. Depois do almoço fomos até a Pousada Indaiá, deixamos
nossas bagagens e seguimos por mais quase quatro quilômetros para conhecer uma
cachoeira chamada Lageado que fica na APA municipal do rio Picão. Apesar do
tempo ruim, pudemos aproveitar o lugar, banhar-se nos poços de agua não tão
fria e curtir um descanso na natureza tirando uma soneca sobre as pedras.
Dia 29 de dezembro (Morro
do Pilar – Itambé do Mato Dentro { 38,2
km , 1159s, 1119d})
veja a rota
- ⏩ROTA
Mais um dia de chuva, nossas preces sendo
ouvidas pois não queríamos o sol escaldante nos torrando durante o pedal. Em estrada de terra, a chuva combinada com as
subidas e descidas trazem um grande problema, o risco de quedas. Foram quase duas horas de chuva nos
acompanhando e fazendo um bom estrago nas bicicletas que ficam cheias de barro
a ponto de não girar as rodas.

Em um momento de trégua, estava eu parado no
meio de uma grande subida quando um carro parou para saber se estava tudo bem e
se precisávamos de ajuda. Eis que quando viro em direção ao motorista, este
exaltou-se exclamando Cebola!!!!!!, sim Cebola. Meu apelido de infância que por
muito tempo me acompanhou e neste caso estava sendo encontrado por um amigo de
infância que até hoje ainda reside vizinho de minha mãe. Edmir Malveze com sua
família estavam fazendo a Estrada Real de Carro, e foi ali numa interminável
subida no meio do nada que ele me encontrou. Acho que jamais imaginava estar
oferecendo ajuda a um amigo de infância, foi daqueles momentos especiais que
estas cicloviagens nos reservam e mostram que o mundo não é tão grande assim.
Logo depois deste encontro tivemos um outro
fato marcante, chegamos nas cavernas do Dominguinhos, um local muito peculiar
que já havíamos conhecido nas histórias de um grande amigo , Walter Magalhães,
que teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o Dominguinhos, um ermitão como era
conhecido por todos visto que viveu por
mais de 40 anos
naquelas cavernas , segundo dizem uma desilusão amorosa o fez deixar a
sociedade e viver sozinho por tanto tempo até o fim de seus dias.
Deste ponto, há um visual incrível das
formações e serras de Minas Gerais, em especial o local chamado Travessão que por
estar nublado não tivemos a oportunidade de apreciar com muita nitidez.
Seguimos, agora com o sol dando as caras
levemente, pudemos chegar sem maiores problemas na cidade e encontrar um ótimo
restaurante antes de irmos para a pousada da Ruth, que já nos aguardava.
Já eram mais de 9:00 horas da noite quando
chegaram para unir-se a nós a Dora e o Bruno Nanni, que iriam nos acompanhar
até o final de nossa jornada.
Dia 30 de dezembro (Itambé do Mato dentro – Bom jesus do Amparo { 44,1 km , 840s, 706d})
veja a rota
-⏩ROTA
Hoje abusamos do horário, partimos as 8:40
horas, com o céu nublado mas por pouco tempo. No começo asfalto e depois um
pouco de terra e já chegamos em Ipoema.
Como
beirava meio dia, resolvemos almoçar pois teríamos tempo para deixar o sol
baixar um pouco. Ipoema é conhecida principalmente pois mantem o Museu dos
Tropeiros, um local frequentemente visitado por grupos de cavalgada que
comumente escolhem este local para descanso.
Seguimos nosso caminho sob um sol bem forte, o que deixou todos do grupo
com bastante fadiga. Chegamos por volta das 15:00 hs........encontramos logo na
entrada da cidade a pousada Real, do sr Mazinho, onde pudemos lavar nossas
roupas que a essa altura estavam em estado de calamidade pois todos os dias
anteriores não tivemos oportunidade de lavar e secar causando uma fermentação
daquelas em algumas peças.
Aqui em Bom Jesus do Amparo tínhamos uma
missão, precisávamos encontrar o Fernando Gonçalves, ele um verdadeiro padrinho
da Estrada Real que contém um rico arquivo de livros dos viajantes deste
caminho desde 2003, em seus livros de registro muitas e muitas historias de
viajantes de toda espécie que por aqui passaram. Além de termos que conhece-lo, tínhamos a
missão de entregar-lhe uma correspondência que um amigo dele nos incumbiu. Lembram-se do Sr Ademil, o historiador que
conhecemos no primeiro dia, lá em São Gonçalo do rio Das Pedras, então, estes
dois Ilustres são verdadeiros Guardiões da Estrada Real, e tem entre si um
pacto plagiando os mineiros
de antigamente que recebiam suas
mensagens através dos tropeiros. Eles usam o mesmo sistema aproveitando os
cicloviajantes como seus mensageiros e há alguns anos fazem
desta pratica um rito que acaba unindo pessoas diferentes que levam e trazem as
histórias em seus alforjes e distribuem
aos ventos para quem quer ouvir.

Depois que lavamos as roupas e o nosso corpo,
seguimos a procura
do Fernando. Já na Praça central, perguntamos em uma
barraquinha de lanches se o conheciam, e na primeira já fomos informados do
local de sua casa. Chegando lá, chamamos pelo Fernando que ao ver um grupo de
seis pessoas em frente de sua casa, não paramentados como ciclistas, teve uma breve
reação de dúvida mas logo que perguntei se sabia quem eu era ela respondeu, o
Cesar e a Stella......a Stella seria a Regina, que muitos assim pensam devido
nosso sobrenome. Antes de sairmos de viajem eu havia feito contato com o
Fernando pelo Facebook contando que iriamos fazer o caminho. Bem, não preciso contar mais nada basta dizer
que fomos a uma pizzaria, Restaurante da Marilene, e lá ficamos por horas
conversando e vendo seus livros de registros onde encontramos vários amigos e
conhecidos do cicloturismo que por ali
deixaram alguma história. Saímos agradecendo muito ao Fernando e
parabenizando-o por seu trabalho que sem nada em troca ele está cultivando e
guardando a memória dos cicloviajantes da Estrada Real.
Dia 31 de dezembro (Bom
jesus do Amparo – Barão dos Cocais { 36,6 km , 729s, 722d})
Como já de costume, saímos em baixo de chuva,
aliás uma boa chuva. Eram 6:40 horas da
manhã e lá estava em frente a Igreja Matriz protegido por um guarda chuvas o
nosso amigo Fernando que queria fazer a tradicional foto dos cicloturistas que
fazem a Estrada Real. Entramos em formação e
Click, agora também fazemos parte dessa história.
De inicio uma grande subida, seguimos pelo
asfalto até chegar na MG 129, onde deveríamos pegar o acesso para a estrada de
terra. A chuva estava intensa, e seguíamos em um bom ritmo pelo acostamento da
MG quando a Regina avistou o marco da Estrada Real que indicava que deveríamos
deixar a MG 129. Considerando o mau tempo, e como eu também não tinha
registrado em meu GPS o caminho por terra achamos mais conveniente seguir pelo
asfalto. Essa decisão foi providencial, pois chegamos pouco depois das 10:00
horas em Barão do Cocais em baixo de uma chuva torrencial. Por sorte pudemos
fazer o check in e entrar nos quartos antes
do horário padrão, tomar um bom banho
dar uma ajeitada nas roupas molhadas.
Saímos a procura de restaurante, encontramos um
ótimo self service por quilo R$ 35,90
com muitas variedades , inclusive churrasco. Afinal era o nosso almoço do
ultimo dia do ano então precisávamos dar uma caprichada. Depois do almoço já
aproveitamos e fomos ao mercado para fazer a compra dos itens para a nossa Ceia
de Ano Novo pois sabíamos que mais tarde todos os comércios iriam fechar.
Aguardamos até as 19:00 horas para o início de
nossa comemoração, montamos uma mesa no
próprio quarto do hotel ,feita basicamente com queijos, frutas, doces e vinho,
e reunidos festejamos a passagem do Ano.
Antes das 23:00 já tínhamos ido dormir, porém o
barulho dos fogos de artifício
dificultaram nosso adormecer.
Dia 1 de
janeiro ( Barão dos Cocais – Catas Altas
{ 34,9 km , 828s, 793d})
No café da manhã conhecemos um cicloturista de
Santa Maria da Serra - SP, o Eduardo viajava com destino a Diamantina e mostrou-se
um fiel seguidor do guia do Olinto, pois seguia passo a passo as coordenadas do
guia dispensando o uso do GPS.
Ano Novo, sem muita pressa saímos eram mais de
9:00 horas, tempo nublado mas prometendo que ia abrir. Hoje tínhamos uma
interrogação quanto qual caminho iriamos seguir pois os trajetos que eu tinha
em meu GPS não coincidiam com as indicações dos marcos. Seguimos pelo MG 128
sentido Santa Barbara, e após uns 9km
encontramos o marco da Estrada Real indicando acesso por terra para
Brumal indo pela a esquerda e Santa Barbara para a direita. Neste ponto não
estava muito claro qual caminho nos levaria para Catas Altas. Aqui encontramos mais um cruzamento de
caminhos, estávamos passando pela Rota conhecida como

CRER,(caminho religioso
da estrada real) uma rota de peregrinação que transcorre a partir do Santuário
Estadual nossa Senhora da Piedade em Caeté - MG......levando os Romeiros até o
Santuário Nacional de Aparecida em São Paulo. Sabíamos porém que devíamos pegar
o caminho que passava pelo Bicame, O Aqueduto Bicame de Pedra foi
construído por escravos em 1792, para captar água da Serra do Caraça até
Brumado, onde o ouro era extraído e lavado .Hoje ainda restam cerca de 100
metros do monumento. Uma escadaria incrustada na lateral do portal dá acesso à
parte superior do aqueduto, com base nesta premissa conseguimos

informações dos locais e seguimos
sentido Brumal, mesmo parecendo que estávamos indo em direção contraria a
desejada. Passamos por um trilha bem pouco convincente, mas que trazia a
cada 100 ou 200 mts um marco , dando mais segurança sobre o
caminho que seguíamos. Creio que foram uns 2 km em trilhas na mata, depois
alcançamos a estradinha que nos levaria até Catas Altas, passamos pelo Bicame e
lá pudemos conhecer mais uma obra contemporânea dos escravos e que certamente
foi um marco na época da extração de ouro
da região. Seguindo nosso caminho
ocorreu o segundo encontro na viagem com cicloturista, dois mineiros que
estavam fazendo o trajeto ao contrario do nosso.
Chegando em Catas Altas, deixamos as bagagens
na pousada e fomos almoçar. Já abastecidos saímos para conhecer o centro
histórico e na sequência seguimos até a cachoeira da Santa que fica há uns 3 km do centro. Um show, pudemos nos refrescar e repor as energias
naquela água gelada. Havia a possibilidade de irmos a mais uma cachoeira
próxima dali, a cachoeira do Maquiné , porem preferimos ir descansar pois o
próximo dia seria bem intenso, enfrentaríamos a maior quilometragem e
altimetria em comparação aos demais dias da viagem , assim optamos por dormir
mais cedo sem sequer jantar.
Dia 2 de
janeiro ( Catas Altas – Ouro Preto { 65.6
km , 1460s, 1025d})
Depois de um belo e caprichoso café da manhã,
preparado pela Natércia proprietária da pousada Catas Altas, seguimos rumo a
Ouro Preto. Chegamos rapidamente em
Morro da Água Quente e depois rumo a Santa
Rita Durão de onde tivemos que deixar o caminho original da Estrada Real pois
não poderíamos seguir sentido Bento Rodrigues e Camargos, isto devido ao incidente
ocorrido em novembro de 2015 quando ocorreu o rompimento da barragem de
Fundão, localizada
no subdistrito de Bento
Rodrigues,

a 35 km do centro de Mariana. Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração controlada pela Samarco Mineração S.A considerado o desastre industrial que
causou o maior impacto
ambiental da história
brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume
total despejado de 62 milhões de metros cúbicos , assim temporariamente o acesso a essas
localidades esta fechado. Então tivemos que fazer o caminho pela MG 129
passando por Antonio Pereira até alcançar após 54 km a cidade de Mariana. Mariana foi a primeira vila, cidade e capital do estado de Minas Gerais. No século XVIII, foi uma das maiores cidades produtoras de ouro para o Império Português .

Pudemos visitar igrejas de Nossa Senhora do
Carmo, São Francisco de Assis e a Câmara Municipal, ficamos um bom tempo até a temperatura
baixar, pois sabíamos que os 10 km até Ouro Preto seriam exclusivamente uma
subida com mais de 450 mts de ascensão, fato que exigiria bastante paciência e
determinação. Estávamos realmente com
sorte, assim que resolvemos seguir, o tempo fechou o começou uma leve chuva que
certamente ajudou em nossa jornada, visto que subir não era o problema,
problema seria se fosse em baixo do sol.
Vencemos os 10 km em pouco mais de uma hora e
lá estávamos em Ouro Preto. Uma cidade única, encrustada em vales e montanhas,
suas ruas estreitas e calçamentos em pedras do século XVIII trazem uma certa
nostalgia, emociona ver aquela arquitetura preservada e ao mesmo tempo em plena
atividade, muitas pessoas, muitos carros e muito movimento em um lugar com
tanta história guardada em cada esquina em cada janela.

Assim que chegamos, paramos na praça Tiradentes,
lá comemos uns pasteis para amenizar a fome e ainda foi possível correr atrás
dos passaportes da Estrada Real, que até então nós ainda não tínhamos
conseguido. A Regina e a Kathy já possuíam os números de inscrição e por isto
foi possível adquirir o passaporte e o primeiro carimbo oficial fechando com
chave de ouro a nossa rota do Caminho dos Diamantes. Seguimos para o Hostel e desta vez nossas acomodações não eram das melhores, diria que foi a pior em toda a viagem mas não
chegou a nos incomodar, afinal iriamos apenas dormir e sair logo cedo no dia
seguinte. Deixamos as malas e saímos em busca de um restaurante. Encontramos uma
excelente opção custo benefício, comida mineira a vontade por apenas R$ 20,00
....comemos demais e fomos dormir.
Dia 3 de
janeiro ( Ouro Preto - Ouro Branco { 36,4
km , 1053s, 1168d})
veja a rota
-⏩ROTA
Concluímos o Caminho dos Diamantes mas tínhamos
mais um dia de cicloviagem que seria destinado
a chegar em Ouro Branco, isto porque a Regina havia programado fazer uma visita
a sua madrinha que reside em Ouro Branco.
Saímos
do Hostel antes de ser servido o café da manhã, então as 6:30 hs estávamos em
frente a uma ótima padaria onde tomamos
um café reforçado com misto quente. As 7:10 horas partimos e logo na saída a Regina e a Dora
fizeram uma breve visita na igreja de
Nossa Senhora do Pilar uma das edificações católicas mais conhecidas entre as que foram erguidas durante o ciclo do ouro. É monumento tombado pelo instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em seguida paramos na estação ferroviária que guarda preciosamente a história com sua peculiar arquitetura, além do
contemplar a réplica do obelisco em memória aos inconfidentes.
A saída da cidade é contemplada por uma subida que
serpenteia uma montanha e nos faz percorrer um caminho que exalta os nervos visto que passamos bem a beira do vale sem nenhuma proteção, qualquer descuido
pode ser fatal. Percorridos uns 12 km , saímos da pista asfaltada e entramos no
acesso por terra, o antigo caminho da estrada real, este acesse proporciona um
pedal mais tranquilo fora da estrada porem aumenta em 8 km a distancia a ser
percorrida.
Estávamos em busca de uma
cachoeira, que fica em um lugar chamado Itatiaia, porém quando entramos no acesso
de terra, fizemos sem querer o desvio da cachoeira que ficava nas imediações da
estrada de asfalto. Terminamos o trecho de terra e voltamos para a pista para
depois de uns 15 km chegarmos em Ouro Branco .
Chegamos as 13:30 hs , e logo seguimos em busca de um restaurante para
almoçar, e para variar , achamos um bom self service em que pudemos repor todas
as calorias perdidas.
Hoje terminamos a cicloviagem, porem apenas a Sue
Ellen retornou para casa, Nós não conseguimos comprar a passagem de volta ,
então ficamos mais um dia .
Dia 4 de janeiro (Ouro Branco
- Ouro Preto { passeio de carro}
)
A Dora e o Bruno haviam vindo de carro até
aqui, e queriam conhecer um pouco mais de Ouro Preto, então hoje aproveitamos o
dia de folga e essa carona e seguimos com eles para fazer um dia exclusivo de turismo.
A viagem de carro foi muito interessante, pois pudemos ver e sentir o quão
difícil foi o pedal do dia anterior, no carro sentimos a longas subidas e
descidas de forma muito intensa e desafiadora.
Chegando em Ouro Preto fomos visitar o parque natural
Municipal Cachoeira das Andorinhas com suas cachoeiras,depois voltamos ao
centro e visitamos o Museu da Inconfidência e o museu da Mineralogia .
Por volta das 16:00 horas voltamos para ouro
branco pois tínhamos que nos preparar para a viagem de volta para casa. A Dora e o Bruno seguiram a viagem de carro
por mais alguns dias e nós embarcamos as 19:30 no Onibus da Viação
Útil com
destino final em São Paulo. Uma viagem
cansativa, o ônibus passou em varias pequenas cidades até chegara na Br381
quando ai deslanchou e acabamos chegando por volta das 6:30 da manhã no terminal Tiete em são Paulo. Pensávamos em
seguir pedalando até Santo André , porem despencou uma enorme chuva que nos fez
mudar de idéia. A kathy preferiu seguir
pedalando , mesmo sob a chuva e eu e a
Regina pegamos metro e trem até chegarmos em casa .
E assim foi mais uma
cicloviagem que realizamos, e como sempre acontece enquanto eu estou escrevendo
já estou pensando
qual vai ser a próxima que faremos, afinal já concluímos que não sabemos viajar
de outra maneira que não seja com a bicicleta.
Agradecemos ao Nosso Deus por
mais esta nossa viagem maravilhosa.
ALGUMAS DICAS PARA SEU PLANEJAMENTO
LOCOMOÇÃO
De São Paulo para Belo Horizonte:
Viação Cometa - (11)
4004 9600
De Belo Horizonte para Diamantina:
Viação Pássaro Verde - (31) 3073 1011
De ouro Branco para São Paulo:
Viação Útil - (21)
3907 3900 / (21) 9 8501 5385
HOSPEDAGENS
BELO HORIZONTE – MG
Hostel Trem de Minas - Rua Lambari,260
Centro -
tel.(31) 3566 7246
@hosteltremdeminas
DIAMANTINA – MG
Diamantina Hostel - Rua do Bicame, 988 – Centro
tel.(38) 3531 2003
SÃO GONÇALO DO RIO DAS PEDRAS – MG
Pousada Fundo de Quintal – Rua Nova, 6 – Centro
tel.(38)3541 6076 / (38) 8801 4673
SERRO - MG
Travessa Magalhães, 55 – Centro –
tel. (38) 3541 1949
TAPERA / SANTO ANTONIO DO NORTE – MG
Pousada Sapucaia Real – Rua Joaquim
Ávila, 25 – Centro
tel.(31) 9616 2794
CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO – MG
Pousada Ouro do Vintem – Rua Córrego
Ninfa, s/n
tel. (31) 9 8473 7001
MORRO DO PILAR – MG
Pousada Indaiá – Praça 21 de Abril,
258 - Centro
tel.(31)3868 1315 / (31)
9 8688 4243
ITAMBÉ DO MATO DENTRO – MG
Pousada da Ruth
Rua Prudente de Morais, 256 – Centro
– tel.(31) 3836 5109 / (31)8280 2987
BOM JESUS DO AMPARO – MG
Pousada Real – Rua Mine Mello, 25 –
bairro Cruzeiro tel.(31) 9845 8923
BARÃO DE COCAIS – MG
Hotel Senhor do Barão – Rua Dr.
Antonio Soeiro,13 Vila Regina – Tel.(31) 3837 1345

CATAS ALTAS – MG3
Pousada Catas Altas
Rua José
Bernardo Magalhães, 173
tel.(31) 9 9566 9320
@pousadacatasaltas1
OURO PRETO – MG3
Varanda Hostel e Galeria de Arte –
Rua São José, 183 – Centro – tel.(31) 3551 1562
OURO BRANCO – MG
Hotel Vale do Ouro – Rua Santo
Antonio,39 – Centro – tel.(31)3742 2008
SITES CONSULTADOS:
Colegas Cicloturistas, ótima postagem de vocês. Estou preparando-me para início de 05/2020 realizar este percurso o Caminho dos Diamantes,sendo que prolongarei depois de Ouro Preto até Paraty RJ, o Caminho Velho.
ResponderExcluirEstou baseando-me em suas dicas, meu muito obrigado e boas pedaladas
Puxa desculpa não responder antes estivemos desatentos nesse período.
ResponderExcluirBoa sorte e precisando entre em contato pelo cstella@uol.com.br
Eitha...
ResponderExcluirEssa viagem juntou belas paisagens, comida mineira, e convívio com o Povo.
Fechou.
Trem bom demaisss
Obrigado pelas informações postadas! Serão de muita valia para minha viagem em 2023 Abraços
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